A LÍNGUA COMO “LUGAR” DA MEMÓRIA: NARRATIVAS ORAIS DE ANCIÃOS INDÍGENAS NA MEMÓRIA CULTURAL E IDENTITÁRIA DO POVO MACUXI

  • Servina Severina Costa Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR)
  • Raimunda Maria Rodrigues Santos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR)
Palavras-chave: Identidade, Narrativas orais, Memória, Macuxi

Resumo

O presente resumo apresenta os resultados parciais do projeto de pesquisa desenvolvido com o objetivo de analisar em narrativas orais de anciãos macuxis elementos da cultura e da língua como fator de identidade, visando, também, à compreensão de como ocorre essa relação. Para tanto, adotam-se procedimentos da pesquisa qualitativa, usando a narrativa como método de coleta de registros, realizada por meio de entrevistas semiestruturadas. A escolha da abordagem qualitativa deu-se pelo uso da narrativa como método de coleta, em que se ampara na linha argumentativa de Schimitd (1994). As narrativas foram gravadas, transcritas e na sequência feito uma análise buscando relacionar trechos que remetem a elementos da cultura como fator de identidade. Para a composição de um corpus, selecionamos cinco gravações das dez entrevistas realizadas em diferentes comunidades da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Para a análise dos registros coletados com as lideranças, utilizaram-se como aporte teórico os estudos de Hall (2005), sobre identidade; Abrahão (2004), Payer (2005) e Melo (2000), para discutir o conceito de memória; Cuche (2002) e Chauí (1995), que tratam sobre cultura. Os resultados parciais indicam que as lideranças indígenas preocupam-se com o fortalecimento da cultura e da identidade do povo Macuxi, bem como a manutenção dos valores do movimento indígena, por meio do repasse da história do processo de luta pela demarcação de suas terras tradicionais e garantia de outros direitos coletivos. As narrativas orais revelam, ainda, que as lideranças veem a língua como “lugar da memória”. A força que atribuem à língua materna vai além de sua capacidade de vitalização da cultura, legitimação dos saberes tradicionais, seu uso é símbolo da resistência e de identidade indígena.  Conclui-se que cultura, memória, identidade e língua são fatores intrinsicamente ligados no processo de representatividade de um povo. Não há como dissociar um conceito do outro, vão muito além de categorias teóricas e analíticas, constituem-se elementos intrínsecos ao processo histórico de resistência e de formação da identidade cultural do povo Macuxi.

Biografia do Autor

Servina Severina Costa, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR)

Acadêmica do Curso de Letras Espanhol e Literatura Hispânica do IFRR/Campus Boa Vista – Bolsista PIBICT

Raimunda Maria Rodrigues Santos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR)

Professora IFRR/Campus Boa Vista, –  Orientadora do projeto de pesquisa

Publicado
2017-12-01