FENÔMENOS MIGRATÓRIOS DE VENEZUELANOS NA CIDADE DE BOA VISTA-RR
Resumo
A grave crise econômica, a politica na Venezuela e as facilidades para cruzar a fronteira, enchem as cidades de Roraima com venezuelanos em busca de alimentos e uma melhor qualidade de vida. Considerando o aumento na quantidade de imigrantes venezuelanos que chegam ao estado de Roraima, e do maior número de pedidos de refúgio solicitados nos últimos dois anos, 110%, conforme dados divulgados pela policia federal, esta pesquisa procura analisar de que maneira os venezuelanos estão lidando com os choques culturais e linguísticos no Brasil, assim como também, discutir as circunstancias nas quais se desenvolvem os processos migratórios desses deslocados e as implicações dessas migrações para o estado. Observam-se alguns deles trabalhando nos semáforos ou andando pelas ruas de Boa Vista em busca de emprego e moradia. Muitos deles têm ensino superior, mas acabam assumindo funções que exigem menos qualificação e, para economizar, dividem imóveis com conterrâneos na mesma situação. Este fluxo migratório dos venezuelanos movimenta o comercio na cidade de Pacaraima, na qual as vendas nos supermercados chegaram a dobrar. Baseando-se em uma pesquisa de campo realizada por alunas do módulo VI para a coleta de depoimentos dos imigrantes venezuelanos, para que assim, possibilite a discussão a respeito da situação desse outro sujeito e descobrir de que maneira as cidades de Boa Vista e Pacaraima se adaptam para receber esses novos moradores. Com apoio dos textos teóricos de Julia Kristeva (1994), Tzvetan Todorov (1999) e (2010), ilustra-se a posição do Outro. Para analisar a construção identitária desse deslocado, procura-se apoio teórico em Stuart Hall (2001) e (2003), Kathryn Woodward (2000) e ainda, García Canclini (2008) com o conceito de hibridismo. Com esta proposta, espera-se contribuir com estudos sobre diásporas contemporâneas no Estado de Roraima e trazer a discussão de que aquilo que estranhamos ou que é diferente, o Outro, o que incomoda, começa quando surge a consciência da nossa diferença e termina quando reconhecemos em nós que todos somos estrangeiros: o estrangeiro habita em nós (KRISTEVA, 1994, p. 9).