ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO À CRIANÇA VÍTIMA DE VIOLÊNCIA

  • Pollyanna Dantas de Lima Instituto Federal de Roraima (IFRR)
Palavras-chave: Criança. Violência. Criança Maltratada.

Resumo

O presente estudo teve como propósito identificar a atuação dos profissionais de saúde sobre os procedimentos adotados durante o atendimento à criança vítima de violência. Objetivamos conhecer como os profissionais de saúde fazem o diagnóstico de violência na criança hospitalizada durante o processo de cuidar; identificar, de acordo com a vivência de cada profissional de saúde, os tipos de violência na criança hospitalizada, os agressores e a região corpórea mais atingida e analisar as condutas adotadas pelos profissionais de saúde após reconhecerem um caso de violência na criança hospitalizada. O estudo foi do tipo exploratório descritivo, com abordagem quantitativa, realizado no Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) em Boa Vista – RR. A população constou de 235 profissionais de saúde, e os dados foram coletados de junho a agosto de 2006. Os resultados mostram que houve uma predominância de profissionais de saúde do sexo feminino (76,17%); com faixa etária entre 31 e 35 anos (26,81%); casada (45,96%). Quanto à formação profissional, 63,9% eram auxiliares e técnicos de enfermagem, 16,2% médicos, 14,8% enfermeiros, 3,9% assistentes sociais e 2,1% psicólogos. 45,96% tinham o nível médio completo; 51,06% tinham como instituição formadora estabelecimentos de ensino particulares e 48,94% se formaram em instituições de ensino públicas; 97,66% possuíam especialização ou aperfeiçoamento na sua área; 32,77% tinham entre 05 a 09 anos incompletos de tempo de serviço e 32,06% trabalhavam nas enfermarias pediátricas no momento da coleta de dados; 75,74% afirmam ter experiência com crianças vítimas de violência; 96,22% se consideram capazes de identificar os tipos de violência sofridos pelas crianças; a violência física foi o tipo mais comum (29,00%); 91,57% buscaram identificar os agressores; 27,72% consideram a mãe o principal agressor, seguida do pai (26,36%) e do padrasto 22,28%; 26,55% consideram os membros e a cintura pélvica a região corpórea mais atingida; 26,91% tomam a atitude de comunicar ao enfermeiro e 20,13% ao serviço social; 70,79% afirmam que as condutas eram realizadas em equipe; 26,25% dos profissionais consideram que foram os assistentes sociais que mais ajudaram a tomar a decisão das condutas adotadas seguido dos psicólogos (20,82%); 76,40% referem não haver existido nenhuma pressão contra a realização das condutas tomadas; dos 23,60% que responderam haver tido pressão, 77,08% revelam que a pressão foi exercida por parte dos familiares. Concluímos com esses resultados que os profissionais de saúde, na sua maioria, parece não estar preparada tanto para diagnosticar como denunciar os casos de violência contra a criança. Estes dados foram mais contundentes quando relacionamos as respostas dadas pelo médico e o enfermeiro, uma vez que são estes profissionais que lidam mais diretamente com essas vítimas. Sendo assim, estamos conscientes que temos muito que trabalhar tanto na formação desses profissionais nas universidades como nas escolas de nível médio. Acreditamos também que a educação continuada contribuirá para melhorar o conhecimento e conseqüentemente a atuação desses profissionais nas suas atividades diárias.

Seção
Artigos