A INCLUSÃO NA UFRN: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

  • Vanessa Gosson Gadelha de Freitas Fortes Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Palavras-chave: Inclusão. Deficiência Visual. UFRN

Resumo

Nas últimas décadas, a defesa da inclusão de pessoas com necessidades especiais tem proporcionado mudanças substanciais no diversos ambientes sociais, entre eles a escola, que é instigada a receber esses alunos e fornece-lhes condições para freqüentar a instituição e aprender, bem como conviver com os demais discentes. Esse desafio vem possibilitando, mesmo que lentamente, o acesso e a permanência das pessoas com necessidades especiais nas instituições de ensino, onde dentro das suas possibilidades e potencialidades vêm avançando educacionalmente, atingindo diversos níveis de ensino, antes não cogitados, inclusive chegando ao Ensino Superior e à Pós-graduação. Assim, com o intuito de analisar como se processava a inclusão das pessoas com deficiência, mais especificamente com deficiência visual, foi que realizamos uma investigação na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que recebeu, em 2002, três discentes com deficiência visual nos cursos de Ciências Sociais, Ciências Econômicas e Filosofia. A tipologia da pesquisa foi qualitativa, tendo como instrumento de coletas entrevista semi-estruturada com os alunos que apresentam deficiência visual, com os seus colegas, com os professores e coordenadores de curso. Além disso, foi realizada a observação não-participante para averiguar a metodologia do professor junto ao aluno incluso. Apesar desta abrangência, durante a obtenção dos dados para a pesquisa, focamos a análise dos dados apenas nos alunos, devido à complexidade da temática e do caráter exploratório do trabalho em questão. Diante do exposto, discorreremos neste momento alguns resultados obtidos durante a pesquisa de campo e análise dos dados. Primeiramente, os sujeitos estudados tinham cegueira (dois discentes) e baixa visão (um aluno), que para ingressarem na instituição de ensino superior passaram pelo Exame Vestibular, o qual foi adaptado para atender às necessidades de cada aluno (uma hora a mais para a realização das provas, ledor ou prova em Braille e prova ampliada para o aluno com baixa visão). Após o ingresso desses alunos, a Universidade realizou ações para viabilizar a permanência desses alunos na instituição, como: realização do I Seminário de Inclusão na UFRN, aquisição de uma impressora braille e bolsistas para auxiliarem os alunos com deficiência visual. Apesar disso, várias foram as dificuldade encontradas pelos alunos com deficiência visual, principalmente em relação à questão da metodologia dos professores, pois afirmavam que muitos esqueciam de descrever o que estava no quadro ou não entregavam o texto antecipadamente para que pudesse ser transcrito para o braille. Todavia, foi identificado que o processo de inclusão possibilitou aos alunos com deficiência, o contato com outras pessoas, com outra realidade, proporcionando-lhes um crescimento acadêmico significativo. De igual modo, a presença de pessoas com deficiência traz benefícios para os demais alunos, como oportunidades de ajudar e de aprender com esses colegas. Resulta, portanto, num aprendizado mútuo, envolvendo também atitudes, valores e habilidades necessárias para apoiar a inclusão de todos os cidadãos.

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Artigos