JOVENS REFUGIADOS E REPRESENTAÇÃO SOCIAL NAS ESCOLAS DA CIDADE DE BOA VISTA-RR

Abstract

Com o crescente fluxo migratório venezuelano desde 2015 na fronteira norte do Brasil, as escolas públicas de Boa Vista, estado de Roraima (RR), têm recebido um número significativo de alunos refugiados venezuelanos. Esta pesquisa teve como objetivo apreender e analisar as representações sociais desses jovens refugiados sobre seus processos de escolarização e as implicações nas suas identidades culturais. Utilizando uma metodologia qualitativa e um estudo de caso, foram aplicados questionários e realizados grupos focais com jovens refugiados de 15 a 17 anos, que moram nos abrigos e frequentam o Ensino Médio nas escolas públicas Treze de Setembro e Maria das Dores Brasil, localizadas próximas aos abrigos de refugiados da Operação Acolhida. A escola desempenha um papel central na construção das representações sociais dos jovens refugiados. Para Moscovici, as representações sociais não são apenas reproduções da realidade, mas construções que orientam o comportamento e as interações sociais. No contexto da escola, as representações sociais dos jovens venezuelanos são moldadas tanto pelas interações com seus colegas e professores quanto pela estrutura pedagógica que encontram. Os dados revelam que a escola brasileira, embora ofereça um espaço para inclusão, ainda enfrenta desafios para atender plenamente às necessidades desses alunos. A ausência de um currículo que incorpore de maneira significativa as culturas dos alunos migrantes pode resultar em um sentimento de alienação e desconexão. A maioria dos alunos não vê a escola como um espaço onde sua cultura é representada, o que limita sua capacidade de construir uma identidade híbrida de forma mais fluida e positiva. Os resultados da pesquisa apontam para as dificuldades de adaptação escolar desses jovens, especialmente em relação às barreiras linguísticas e culturais, além de evidenciar como suas representações sociais influenciam a construção de suas identidades no contexto educacional. A pesquisa revelou a necessidade de estratégias pedagógicas mais inclusivas para promover uma melhor integração desses alunos no ambiente escolar brasileiro. Este estudo faz parte de uma tese de doutorado em educação do PPGED/UFPA.