A ALTERNÂNCIA TU/VOCÊ/SENHOR NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DA BALIZA – ESTADO DE RORAIMA
Abstract
A sociedade da primeira década do século XXI passa por uma crise de identidade que Hall (2006, p.7) chama de “um processo mais amplo de mudança que está [...] abalando os quadros de referências que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social”. Assim, ele apresenta a tensão existente entre o global e o local na transformação das identidades. Diante deste quadro mais amplo, buscou-se observar como se comporta a comunidade linguística de São João da Baliza, em Roraima, sobre o uso dos pronomes de segunda pessoa, especificamente, os do singular. E que influência teria tal configuração da sociedade moderna sobre o fenômeno linguístico mencionado.
Para Clyne, Kretznbacher, Norrby e Schupbach (2006, p.287) “as formas de tratamento contribuem de forma significativa para o estabelecimento de relações sociais e são essenciais não só para a construção, como também para a conservação dos relacionamentos humanos”. Sob a visão da Sociolinguística Quantitativa ou Teoria da Variação, vários pesquisadores por todo o Brasil têm realizado pesquisas e apresentado resultados educativos quanto aos usos dos pronomes de segunda pessoa, e aqui o plural se faz necessário para a realidade linguística brasileira. Lamentamos ainda que muitas gramáticas normativas (doravante GN), as referências sobre a língua que mais facilmente chegam à escola, continuem a apresentar e prescrever formas pronominais e verbais que nem sempre estão em linha com os usos, seja em nível formal ou informal da língua e que, principalmente desconheçam os muitos trabalhos produzidos em todas as regiões do país sobre os pronomes de segunda pessoa no português brasileiro (doravante PB).