A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA ETNOMATEMÁTICA PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA DO IFRR

Resumo

O processo de formação docente nos cursos de licenciatura, nas Instituições de Ensino Superior, tem se constituído em um espaço para discussões que destacam a relação teoria e prática a partir de várias perspectivas. Nessas Instituições, especialmente no Instituto Federal de Roraima, este tema tem sido fomentado junto aos licenciandos de matemática. Compreendemos que, ao percorrer os usos/significados da etnomatemática no contexto da formação inicial que a institui no currículo da Licenciatura em Matemática do Instituto Federal, considerando a visão wittgensteiniana de matemática, como jogos de linguagem na atividade da linguagem, permite ao licenciando construir outras visões da matemática. O estudo foi pautado numa atitude metódica inspirada na terapia filosófica wittgensteiniana e na desconstrução derridiana. A desconstrução terapêutica desses usos aponta para outra forma de uso da matemática e, portanto, da etnomatemática significada, como práticas culturais/jogos de linguagem que normatizam gramaticalmente as ações humanas no sentido de atingir de modo inequívoco os propósitos das atividades que mobilizam esses jogos, possibilitando ao licenciando perceber a existência de várias matemáticas, tais como a matemática do cotidiano, do feirante, do pedreiro, da comunidade indígena e, entre elas a etnomatemática. Na literatura há abordagens da etnomatemática, como a de autores que a consideram um estudo da matemática presente nas diferentes culturas humanas, particularmente, nos artefatos dessas culturas. Em outras abordagens, há teórico que inclui os conhecimentos matemáticos que o aluno traz para a escola e, em outras, ainda, os conhecimentos do cotidiano dos grupos culturais, considerada pela academia uma matemática prática e por isto, não exata com a mesma confiabilidade da matemática teórica acadêmica. O termo etnomatemática surgiu para diferenciar a matemática das culturas étnicas da matemática acadêmica. Conforme é interpretada, esta diferenciação pode significar uma polarização dual entre uma matemática teórica e uma suposta matemática prática, que atribui a primeira o caráter de universalidade e de verdade. Cabe ressaltar que alguns autores não se posicionam desta forma, mas que os usos de suas abordagens etnomatemáticas nos currículos e nos espaços de formação, intencionalmente ou não, podem tender a uma visão dualista oposicional entre uma matemática teórica universal, exata e verdadeira, valorizada pela comunidade dos matemáticos e a menos exata das outras práticas humanas.