O AVESSO DA PELE, DE JEFERSON TENÓRIO: Marcas  da violência e do racismos estrutural

Autores

  • Alex Rezende Heleno IFRR / CBV
  • Kamilla Oliveira de Souza Alencar IFRR/CBV

Palavras-chave:

Censura, Racismos estrutural, Violência policial

Resumo

As diferentes temáticas das obras literárias, de caráter humano, questionador e crítico podem contribuir para o conhecimento crítico e reflexivo dos leitores. Contudo, por essas mesmas características, a literatura pode, também, incomodar o autoritarismo de poder e o fundamentalismo religioso. A obra O avesso da Pele, de Jeferson Tenório, enfrentou a censura em diferentes estados: Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul, cujos respectivos governadores se elegeram com base nas principais bandeiras do bolsonarismo: Deus, Pátria e Família. Neste contexto, a presente pesquisa está sendo desenvolvida a partir da análise da obra literária, buscando entender as motivações para as tentativas de censura, apoiando-se na contextualização e no estudo das temáticas abordadas na obra, principalmente, no que diz respeito ao racismo estrutural, tema que se destaca na narrativa. A análise se apoia, sobretudo, nos estudos de Djamila Ribeiro e Juliana Borges, evidenciando a importância da literatura na construção de um pensamento crítico e reflexivo e na formação social e cidadã do indivíduo. O trabalho teve como método a pesquisa qualitativa, tendo em vista que essa abordagem considera haver uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. Dentre os resultados e discussões, destaca-se, a influência da extrema direita e das ideologias conservadoras e religiosas atreladas às práticas políticas e à censura; o racismo estrutural, evidente, sobretudo, no racismo institucional materializado na violência policial; assim como a urgência do debate sobre o racismo estrutural em nossa sociedade, e a importância da literatura como ferramenta para uma educação antirracista, pois através da leitura é possível estabelecer discussões construtivas com os estudantes a respeito do racismo e das consequências deste. Portanto, censurar a obra por motivações ideológicas é impedir que estudantes tenham acesso à discussão sobre o racismo estrutural no Brasil, o que contribui para a perpetuação da violência. Desse modo, é necessário reconhecer o racismo e a opressão à população negra, questioná-los, combatê-los e torná-los um dever de toda a sociedade.

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Publicado

2024-12-13